A ideia era usar esse blog como se fosse um diário, onde eu depositaria todas as minhas lições e aprendizados que eu fosse acumulando ao longo do tempo. Mas um evento interessante abalou a minha rotina nos últimos meses. Minhas energias e inspirações estavam concentradas na execução do projeto do Censo 2022. Curiosamente me inscrevi em um concurso totalmente fora da minha área de atuação para “passar o tempo”, estou nisso desde maio de 2022, e hoje, será a nossa confraternização de final de ano.
Eu já tinha falado aqui no ano de 2021 sobre o cancelamento da pesquisa, que ocorreu naquele ano, pois o governo não proveu orçamento para o IBGE executar a contagem da população. Essa deveria ter sido executada em 2020, mas que por motivos pandêmicos foi adiada para o ano seguinte. Em fim, 2022 chegou e não tiveram para onde correr.
Um pouco dessa história
Acontece que um certo dia no final de 2021 estava jogando Fortnite com um amigo que disse durante a partida “saiu o edital pra trabalhar no Censo ano que vem”, juntos pensamos “não estamos fazendo nada, vamos se inscrever”. E fizemos a prova em março do ano seguinte, fomos aprovados, ele passou em 4º lugar e eu em 5º para o cargo de Agente Censitário Supervisor, que ofertava 9 vagas para nosso município.
Lidando com gestão
Antes de gerir alguma coisa de fato, fizemos treinamento para executar a Pesquisa Urbanística do Entorno dos Domicílios, recebemos o treinamento do Censo em si, executamos a pesquisa do Entorno, preparamos e treinamos 49 recenseadores aqui em Capanema para só então dia 1º de agosto enviá-los para campo para início da coleta.
Como supervisor, fiquei responsável inicialmente por 8 recenseadores e muitos setores de pesquisa dentro do meu município, tanto em zona urbana quanto em rural. Foi um momento onde eu pude colocar em prática todos os princípios do curso de administração que (ainda) não concluí. Apesar de não ter o diploma em mãos, pude sentir na pele o que todos falam em palestras e discursos por aí “o que você aprende na faculdade, não é nada comparado do que você passa na vida real”.
Lidar com o gerenciamento metas, recursos e pessoas é muito mais complexo do que pensamos. Como disse a coordenadora de área, fazemos uma “gestão de ponta” como chamam dentro da instituição, ou seja, você não está lidando com o projeto do Censo diretamente, outras pessoas cuidam disso. Como supervisor, você cuida da execução da atividade, todo o planejamento já foi “realizado anteriormente”. Em teoria isso parece acontecer, mas sempre existe algum nível de gerenciamento para ser executado, e não para apenas no supervisor, também é necessário para o recenseador também.
Nunca tive um gatilho do tipo “putz, agora sou um gestor”, mas sempre tive noção de que eu tinha que cuidar da execução das atividades naquelas áreas que eu era o responsável. Inicialmente eu usava tudo o que eu tinha aprendido durante o nosso treinamento de supervisor para gerir a coleta nas minhas áreas e eu achava aquilo suficiente. E como sou fascinado por sistemas, naquela altura eu já tinha fuçado todo o SIGC (Sistema Integrado de Gerenciamento e Controle) para saber o que cada menu me apresentava, era por meio desse sistema que fazemos o acompanhamento das atividades do recenseador em campo.
Esteja perto de pessoas experientes, absorva o que for possível!
As pessoas acabam te chamando de puxa saco por isso, mas nunca foi essa a questão, estar perto da sua chefia (na maioria das vezes) demonstra que você está interessado em aprender, em saber o que eles sabem. E eu sempre aprendia um pouco de como se analisavam alguns relatórios e estatísticas que nós não tínhamos aprendido durante o treinamento, a partir dessa experiência que você percebe que o treinamento de 1 semana é tão raso, tão enxuto que você se toca que na verdade não sabe o suficiente para ter zelo do que é de sua responsabilidade. Quanto tive mais contato com a coordenação, fui me armando de conhecimento e noção do que eu precisava olhar com mais cautela.
Em alguns momentos eu me via no meio de uma troca mútua de conhecimentos e experiências e aquilo era gratificante… Os coordenadores possuem mais experiência nos sistemas gerenciais, e os supervisores tem mais fluidez com o aplicativo de coleta, pois está sempre em contato com o recenseador e resolve questões diretas da coleta em campo, direto no aplicativo. A instituição deixou várias lacunas sobre o funcionamento dos aplicativos que só aprendemos de fato com a execução das atividades e testes. Muitas vezes fui consultado pela coordenação para eles pudessem entender como alguma funcionalidade do aplicativo era executada, e de que forma eles poderiam resolver algum problema que estava acontecendo em outro município. Isso era realmente incrível pra mim.
Por enquanto…
Ainda tem muito a ser dito, foram meses que pareceram anos, por isso pretendo fazer postagens específicas com cada aspecto que esse trabalho me proporcionou nesse ano, mas por hora precisava encerrar 2022 explicando o que aconteceu comigo. O trabalho ainda não terminou, continuo no IBGE, até mesmo prestando suporte para o encerramento das atividades em outro municípios. Mas por hora, é o que fica. Até a próxima!
Photo by Matt Duncan on Unsplash