Como cheguei na programação

Estava observando que mesmo gostando muito de tecnologia, nunca tinha escrito alguma coisa sobre isso aqui no meu blog. Recentemente encerrei um estágio em uma grande empresa onde eu atuava como suporte de TI para os colaboradores da empresa.

Pra eu conseguir a vaga, na entrevista eu demostrei pleno domínio do assunto e até cheguei a citar que eu estava aprendendo programação, depois de ouvir isso o gestor e a área de gente decidiram que eu era a pessoa com o perfil mais compatível para o cargo.

Já devo ter citado em algum lugar desse blog que sou muito curioso, principalmente quando se trata de tecnologia. Desde criancinha eu tinha vontade de abrir todos os meus brinquedos que tivessem alguma peça eletrônica dentro só para ver como eles funcionavam. Com 12 anos comecei a me aventurar nos bancos de dados do Microsoft Access e trabalhar com macros, eu achava fascinante a possibilidade de criar pequenos programas para armazenar informações com eles. Infelizmente naquele tempo a internet aqui onde eu moro era muito limitada e meu tempo de computador também era, afinal o pensamento que dominava era o de que não é saudável deixar uma criança muito tempo na frente de um computador, junto a isso a falta de um direcionamento nunca me levou a um caminho para aprender a programar. E então essa habilidade ficou adormecida em mim.

Terminei o ensino médio “nas 4 porradas” com o Enem, pois se eu fosse concluir regularmente demoraria uma vida. Eu estava achando a escola um saco e isso acarretava em uma série de reprovações, pois eu não tinha interesse em nada do que eu aprendia ali. Como foi a primeira vez que fiz a enorme prova do Enem, não consegui pontuação suficiente para entrar em uma faculdade, mas no ano seguinte fiz de novo e para minha alegria, consegui entrar em administração. Era o que estava mais próximo da minha realidade, o curso era aqui na minha cidade mesmo.

Depois de 2 semestres de curso, fiquei encantado com as possibilidades que o ensino superior oferecia e após as aulas de iniciação científica, logo me interessei em fazer parte de algum grupo de pesquisa. Foi quando conheci a Prof. Neuma Santos, hoje doutora, que foi minha professora na disciplina de cálculo I e matemática financeira, como eu já fazia alguns investimentos, achava que seria interessante expandir os conhecimentos nessa área e procurei a professora para desenvolvermos pesquisas sobre o assunto. E não demorou muito para que ela me convidasse a fazer parte de um grupo de pesquisa que estava sendo reformulado, já que viu em mim e outros colegas a oportunidade de inserir a educação financeira no currículo do grupo que já existia.

Quando cheguei na primeira reunião encontrei com outras áreas além de administração: biologia, engenharia ambiental, agronomia e por um momento cheguei a pensar “o que eu estou fazendo aqui meu Deus”. Mas rapidamente a professora me explicou com o que o grupo trabalhava e como a educação financeira ajudaria.

Primeira apresentação no grupo de pesquisa na área de educação financeira. Registro: Neuma T. Santos.

O desafio que nos propuseram era o de encontrar caminhos para aplicar a educação financeira nas comunidades de áreas de manguezal que é um dos objetos de estudos do grupo. Com o nosso convívio foram surgindo necessidades e eu comecei a colocar minhas habilidades a disposição do grupo. Depois de alguns meses nos reunindo, a professora mudou o nome do grupo para abranger as áreas do conhecimento que estávamos trabalhando e surgiu o Laboratório de Geotecnologias, Educação Financeira e Ambiental, ou LabGEFA como chamamos. Me empolguei com a forma que o grupo estava tomando e me dispus a criar a identidade visual, criei também redes sociais, Instagram, Facebook e site, assinei domínio e tudo.

Desde então a professora Neuma começou a perceber que eu tinha afinidade de trabalhar com o computador. Logo em seguida ministrei um minicurso para ensinar os outros membros a trabalhar com o WordPress, que era o CMS (sistema gerenciador de conteúdo) que o site do grupo usava, e desde a gestão do minicurso sempre usei ferramentas computacionais (apps) para gerir listas e disparos de e-mails, inscrição dos participantes, gestão de frequência, emissão de certificados. E a professora só observando.

O dia que apresentei a nova marca do grupo LabGEFA. Registro: Neuma T. Santos.

Não demorou muito, a professora convidou a mim e uma colega de grupo, Saelly Matos, para uma reunião extraordinária e misteriosa. Nessa reunião foi onde tudo começou, recebemos a notícia que iniciaríamos um novo projeto de pesquisa e que eu estava sendo convocado a encabeçar uma nova área de tecnologia computacional dentro do grupo. O desafio seria criar um aplicativo para servir de acervo para os dados coletados na pesquisa.

Naquele momento minha cabeça explodiu, e sem pensar muito aceitei e disse que seria tranquilo fazer aquilo, “Então assim que possível me envie um objetivo específico para eu adicionar ao projeto”. O detalhe é que eu não sabia nada de programação. Assim que cheguei em casa naquele dia, mergulhei em pesquisas e qual seria a forma mais prática de criar um app mobile. É claro que fui na fonte, acessei o site do Android, seção de desenvolvimento e li “Como iniciar no desenvolvimento para Android”. Tinha que saber Java, já corri para pesquisar sobre a linguagem e nas pesquisas paralelas, descobri o Framework Ionic, corri pra pra pesquisar e aprender Angular.JS, Cordova etc… Nada direcionado.

Como o Google e o Facebook sabem até dos nossos pensamentos, não demorou muito para surgirem anúncios do universo da programação nas minhas telas e um desses anúncios mostrava um rapaz muito carismático e bonito, diga-se de passagem, dizendo que ia ensinar a programar um aplicativo web e mobile em uma semana. Era tudo o que eu precisava! Foi quando eu conheci o Diego Fernandes (o rapaz da propaganda) que é CTO na RocketSeat e foi o meu professor por aquela semana, foi quando desenvolvi meu primeiro app: uma caixa de arquivos tipo DropBox ou Google Drive em uma versão extremamente simplificada. A versão Web ainda está hospedada no Heroku até hoje: https://labgefa-frontend.herokuapp.com/ (é claro que eu customizei um pouco para apresentar o resultado dos aprendizados na reunião do grupo).

Acompanhar a RocketSeat desde então tem sido um guia para mim, e desde então comecei a focar no desenvolvimento web com JavaScript e React, e no mobile React Native.

No fim do projeto, não usei as tecnologias que estou estudando hoje, pois meu tempo era curto para aprender e entregar um app pronto. Sei que hoje eu tenho muito a agradecer a minha querida professora Neuma Santos que foi quem reacendeu em mim a paixão que eu tinha pela tecnologia.

Eu e a professora Doutora Neuma Santos

Em outro momento falo sobre como foram os dois anos de estagiário de TI. Até a próxima!

Repositório do meu primeiro app web: https://github.com/mrfelipelima/frontend